quinta-feira, 25 de março de 2010

O PROMETIDO É DEVIDO!

O Autismo, embora possa ser visto como uma condição médica, também deve ser encarado como um modo de ser completo, uma forma de identidade profundamente diferente..." Oliver Sacks

Tal como prometido, um Técnico, que trabalha com crianças e jovens portadores de Necessidades Educativas Especiais, aqui está a falar-nos da história escolar de um familiar que apresenta um quadro de Perturbações no Espectro do Autismo (PEA).

Conhecimento Técnico e Afectividade deram as mãos para enriquecer este Blogue.

SÍNDROME DE ASPERGER - UM TESTEMUNHO



O Filipe é uma criança de 11 anos que anda no 7º ano. Isola-se dos colegas, demonstra pouco interesse pelas aprendizagens e não estuda nem faz os trabalhos de casa. No entanto, não tem más notas, muito pelo contrário.
Quando está na escola, fala apenas com os professores e com os técnicos auxiliares de acção educativa, que o acham um menino muito bem comportadinho. Sempre que os professores passam por ele nos corredores da escola, vêem-no sempre sentado no chão, sozinho, a ler livros de banda desenhada e de temas científicos e a ouvir música com um Walkman. Nunca passa os intervalos com os colegas e os professores verificam muitas vezes que aqueles o gozam e o arreliam. O Filipe ignora-os.
Desde que o Filipe entrou para o infantário que os professores se queixavam que era uma criança muito sozinha e que se interessava por coisas de que as outras crianças da sua idade não gostavam. Todos acharam que ele era sobredotado. O Filipe aprendeu a ler, a formar palavras correctamente com letras de plástico e a fazer contas com 2 anos, sem que fosse ensinado. Tinha, era, muitos de livros em casa e via todos os dias a “Rua Sésamo”. A mãe sempre lhe leu histórias e, às vezes, o Filipe folheava os livros e contava em voz alta as histórias. O que ele dizia era exactamente o que estava escrito!
Tentaram colocar o Filipe numa escola onde o pudessem acompanhar e desenvolver as suas capacidades. Começou então a frequentar o primeiro ano numa escola privada para aprender a escrever e, no final do ano, transitou para o terceiro ano de escolaridade. O Filipe só falava com os adultos, em conversas muito avançadas para a idade. Os colegas gozavam-no e ele isolava-se.
A mãe admitiu que nunca o via a estudar e que ele era um pouco lento e ocioso em casa. Os únicos interesses dele, actualmente, eram os computadores e o “Magic” e, com isso, aborrecia toda a gente porque só falava dos seus interesses, mesmo quando os outros lhe pediam para parar. O Filipe foi passando por diferentes fases de interesses, desde os dinossauros, sismos e tsunamis, até à cultura japonesa.
Não comia qualquer que fosse o vegetal ou fruta. Por vezes, obrigado, comia sopa passada. Demora muito tempo a comer porque escolhe a comida dentro do prato: cebola, alho, ervas aromáticas ou pequenos legumes. Quando tinha 7 anos, o Filipe deixou totalmente de comer mousse de chocolate, da qual gostava muito, porque o pai lhe disse que era feita com cenouras e ervilhas.
É a mãe que, todos os dias, prepara o pequeno-almoço ao filho, lhe escolhe a roupa e o calçado que ele deve usar nesse dia, apertando-lhe inclusivamente os cordões e, se ela não lhe der indicações para a rotina de higiene, ele não as leva a cabo, como tomar banho, lavar os dentes, pentear, etc., dizendo mesmo que não se importa nada em andar sujo ou mal vestido, já que não é por isto que quer que as pessoas gostem dele.
Tinha sempre uma enorme quantidade de tiques: revirava os olhos, abria as mãos, abria a boca, torcia o nariz, etc. Estava sempre a coçar as pernas com os pés.
O Filipe tinha algumas manias, as quais já estavam a incomodar toda a gente em casa: não consegue deitar nada ao lixo (ex. papéis de rebuçados, papéis rasgados, etc) e coloca-os sempre nas gavetas da mesa de cabeceira, não deixa que ninguém lhes mexa nem deitar ao lixo. Sempre pôs os peluches a ver televisão e a jogar consola para se sentir acompanhado, sem que isso reflectisse jogo simbólico; não suportava que lhe tirassem um peluche ou outro brinquedo por estar velho ou estragado. Guardava tudo numa caixa e não se podia deitar nada fora ou dar a ninguém.
Para além disso, desde há cerca de um ano, quase todas as noites chorava a dizer que não queria crescer, porque não queria que a mãe e o pai morressem e tinha medo de dormir sozinho. Dorme sempre com 4 ou 5 peluches na cama. Também exige que a mãe lhe leia uma história à noite, de um livro que ele tem desde os 6 anos.
Tinha medo de ir à casa de banho sozinho e alguém tinha que ir com ele e ficar à porta a olhar para ele. Para tomar banho, também alguém tinha de ficar na casa de banho; e depois começou a levar a gata.
A posição que tomava face ao seu isolamento, era de indiferença. Encolhia os ombros e dizia que eles não lhe interessavam; falava bem com as pessoas, mas quando elas lhe faziam alguma coisa, deixava de lhes ligar. Só gosta da sua gata e costuma dizer que os animais é que deviam ser pessoas, porque, quanto mais conhece as pessoas menos gosta delas.
Todos os que andámos na escola nos lembramos de um rapaz, geralmente um rapaz, sozinho. Nunca se juntava aos grupos de jovens que proliferavam pelos pátios e corredores da escola. Habitualmente sozinho, ou conversando com algum aluno mais novo ou um adulto sobre um tema muito específico, levava para a escola livros que os outros consideravam “anormais” e passava os intervalos sentado no chão do corredor a lê-los ou a passear no pátio, junto às paredes, com os livros debaixo do braço. Quando lhe dirigiam a palavra, era frequentemente arrogante ou simplesmente não respondia, encolhia os ombros e afastava-se, deixando o seu interlocutor sozinho. E era alvo dos sorrisos, das piadas e da indiferença dos outros. Nunca ninguém o conheceu verdadeiramente, nem os professores. Apesar de tudo, era visto por eles como um adolescente cumpridor, com um comportamento exemplar, mas preguiçoso e com uma péssima caligrafia.

quinta-feira, 18 de março de 2010

HAVERÁ TERCEIRA META?


 
A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. 

 
A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, de verificar e não aceitar tudo o que a elas é proposto." 


Enuncie-nos a sua terceira meta?




quarta-feira, 17 de março de 2010

SUGESTÃO DE LEITURA III

Autor: Paolo Giordano


Título: A solidão dos números primos

Título original: La Solitudine dei Numeri Primi


Editora: Bertrand Editora



Uma educação parental egocêntrica e, obviamente, desajustada contribui, decisivamente, para a deficiência motora que Alice agora apresenta.
Um erro trágico – criou condições para o desaparecimento da sua irmã gémea deficiente – moldou a personalidade de Mattia.
“Estes dois episódios irreversíveis deixarão a sua marca para sempre” nestes dois jovens – um excluído do Mundo, outro que excluiu o Mundo. Este romance também deixará a marca em cada um dos seus leitores.
Nesta Obra, Paolo Giordano, italiano, 28 anos de idade, aborda a problemática da adolescência, o bullying, a discriminação dos deficientes e dos diferentes, a culpa … enfim, a vida tal como ela é.
Original e brilhante!
*Esta obra está disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Oliveira de Frades

terça-feira, 16 de março de 2010

QUEM QUER SER MAIS OU MENOS?!


A gente pode
Morar numa casa mais ou menos
Numa rua mais ou menos,
Numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos.
A gente pode dormir
numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar
mais ou menos no futuro.
A gente pode olhar em volta
e sentir que tudo está
mais ou menos.

O que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum,
é amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos
e acreditar mais ou menos.

Se não a gente corre o risco
de se tornar uma pessoa
mais ou menos.



Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 9 de março de 2010

MARÇO DE 2010 - AINDA SERÁ ASSIM?


Roupa e aparência geram discriminação na escola

Notícia publicada no DN de 29/02/2008
Um Inquérito sobre discriminação nas Escolas, abrangendo sete países da União Europeia (Alemanha, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, Portugal e Reino Unido), informa-nos: as diferenças físicas são o principal factor de humilhação (39%), seguindo-se as deficiências (34%), sendo que a cor da pele e a indumentária surgem em terceiro lugar, com 30%.
Relativamente a Portugal, o estudo relata:
  • Um em cada dois alunos portugueses (51%) diz que os colegas de escola são gozados pela roupa que usam e 36% por diferenças na aparência física, como o peso, segundo o estudo conduzido pelo British Council;
  • A cor da pele e a diferença de sotaque são motivo de gozo para 31% dos inquiridos em Portugal, a par da deficiência;
·    A existência de um problema de comportamentos intimidatórios entre colegas (bullying) na escola é reconhecida por 35% dos estudantes portugueses, exactamente a mesma percentagem dos que respondem negativamente
·    A raça surge em Portugal como motivo de gozo para 28% dos inquiridos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

SOCIEDADE INCLUSIVA?! QUAL?!... A NOSSA?!!

 

"É difícil integrar uma população particular numa sociedade, pois a partir de uma certa percentagem de indivíduos diferentes, a população de origem teme perder a sua identidade"
 (Vayer e Roncin, 1972) 



 1. Pense nesta afirmação.

2. Veja o filme "District 9.

3. Partilhe connosco as suas conclusões.

RESPIRAMOS INCLUSÃO?


1.    Ouçamos o que, desta sua obra, diz Saramago
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo. Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
     2.    Leiamos a Obra 
Nós podemos cedê-la, a título de empréstimo.
3.    Reflictamos sobre Discriminação
Aqui esperamos pelos vossos contributos.

terça-feira, 2 de março de 2010

AS DIVERSAS INTELIGÊNCIAS


Aristóteles afirmava que os seres humanos possuem várias almas, tendo cada uma a sua função específica.

Também sabemos que a natureza principal da inteligência tem a ver com hereditariedade, meio ou ambiente.
Os estudos actuais apontam vantagem para as raparigas nos testes verbais, enquanto os rapazes obtêm melhores resultados nos testes numéricos espaciais.
Em meu entender, já muita coisa está a mudar, os indivíduos diferem quanto às capacidades, os testes de aptidão medem as capacidades com o fim de predizer a possibilidade de pessoas adquirirem uma habilidade. Os testes de rendimento medem as capacidades em termos de habilidades já adquiridas. Outro ponto a referir é que os hábitos das pessoas estão a mudar e isso vai influenciar a sua criatividade, personalidade e rendimento.
Em Portugal, ainda estamos muito virados para a grande importância da inteligência académica, muito difícil de quebrar este tipo de mentalidade ou influências tradicionais,… esperar para ver!
A teoria das inteligências múltiplas, de Howard Gardner (1985), afirma que os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos.
Autistas tiveram sucesso no basquetebol nos E.U.A. e além destes exemplo existem outros.
Inteligências: linguística, musical, lógico-matemática, espacial, cinestésica, interpessoal, intrapessoal.